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quinta-feira, 27 de maio de 2010
Indagações sobre Currículo - Currículo e Desenvolvimento Humano
Elvira Souza Lima, no texto “Currículo e Desenvolvimento Humano”, utiliza conhecimentos das áreas da Psicologia, das Neurociências, da Antropologia e da Linguística para embasar sua reflexão sobre currículo e desenvolvimento humano. Em sua discussão, aborda questões como função simbólica, capacidade imaginativa da espécie humana e memória. Defende um currículo que se pretende democrático, ou seja, aquele voltado para a formação humana. Enfatiza que o desenvolvimento cultural da espécie humana acontece, à medida que os indivíduos constroem novos pensamentos e comportamentos.
O currículo, que é o conjunto de matérias a serem ministradas em determinado grau de ensino, deve ser construído a partir do direito de todos à educação. Para Lima (2007, p. 18), “Um currículo que se pretende democrático deve visar à humanização de todos e ser desenhado a partir do que não está acessível às pessoas”. Muitos estudantes, principalmente os da escola pública, não têm acesso aos artefatos culturais e tecnológicos. Diante disto, torna-se imprescindível um currículo que privilegie o acesso às bibliotecas e aos laboratórios de informática, química, física e biologia.
Segundo Lima (2007, p.20), “Um currículo para a formação humana é aquele orientado para a inclusão de todos ao acesso dos bens culturais e ao conhecimento, Está, assim, a serviço da diversidade”. Ter uma organização curricular voltada para a inclusão é respeitar a individualidade do educando. É aceitar que o cotidiano escolar é composto por grupos que possuem linguagens, ações e culturas distintas.
Repensar o currículo a partir da diversidade significa ordenar os tempos, espaços, cargas horárias e principalmente os conteúdos. Lima diz que:
Os “conteúdos” escolhidos para o currículo irão, sem dúvida, ter um papel importante na formação. As atividades para conduzirem às aprendizagens, precisam estar adequadas às estratégias de desenvolvimento próprias de cada idade. Em outras palavras, a realização do currículo precisa mobilizar algumas funções centrais do desenvolvimento humano, como função simbólica, a percepção, a memória, a atenção e a imaginação (LIMA, 2007, p.26)
O ensino escolar deve visar a utilização da função simbólica, isto é, as atividades devem variar de acordo com o período de desenvolvimento. Por exemplo: o desenho e as brincadeiras, atividades que são apropriadas para as crianças pequenas e assim por diante. Para isto acontecer, é preciso considerar algumas funções, dentre elas: função simbólica, a memória, a imaginação e a atenção.
Desenvolver a função simbólica é importante, pois é através das atividades desta função que o ser humano acumula aprendizagens. A memória é fundamental, visto que o indivíduo depende dela para conseguir fixar os conhecimentos. E, é por meio da imaginação que o homem cria as suas invenções.
O vídeo abaixo (Hopla), mostra de forma divertida e
pedagógica alguns desses elementos:
A junção da música e dos jogos atrai a atenção das crianças
mais pequenas (e também das maiores) pois estimula-lhes a imaginação e a curiosidade. Com a
curta duração dos episódios e a apresentação colorida de situações do cotidiano,
Hopla cativa a atenção dos mais pequenos e proporciona um simpático momento
educativo.
A autora afirma que:
A aprendizagem é um
processo múltiplo, isto é, a criança utiliza estratégias diversas para
aprender, com variações de acordo com o período de desenvolvimento. Desta
forma, todas as estratégias são importantes e não são mutuamente exclusivas.
Podemos dizer que existem algumas estratégias que são importantes durante toda
infância como observar, imitar e desenhar. Registrar, levantar
hipóteses sobre os fatos e as coisas, testá-las são atividades que a escola
pode desenvolver na criança a partir dessas estratégias. (LIMA, 2007, p.34-35)
Para Lima, as situações que problematizam o conhecimento são fundamentais, pois elas levam à aprendizagem.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Indagações sobre currículo - Educandos e Educadores: seus Direitos e o Currículo
Miguel G. Arroyo levanta, no texto “Educandos e Educadores: seus Direitos e o Currículo”, um conjunto de indagações sobre currículo. A partir desses questionamentos, o autor nos propõe repensar a organização curricular.
Discutir essa organização não é somente dar voz aos alunos e professores, é também abrir uma caixa que há tempos foi ignorada e/ou esquecida. Dentro dela, existem perguntas de educandos e educadores que não entendem as políticas de currículo. A partir daí, uma questão pode ser ressaltada: as lógicas que estruturam os conteúdos, matérias e disciplinas nos currículos estão voltadas pra que tipo de aluno?
Não é necessário ler vários livros sobre currículo para obter a resposta, basta observar o cotidiano escolar. O currículo é estruturado a partir do aluno idealizado pelo sistema educacional, logo ele é seletivo e excludente. Para comprovar esta afirmativa, basta citar vários problemas vividos pela escola que foram causados pela exclusão. Dentre eles, destacam-se os altos índices de evasão e repetência. Claro que essa problemática envolve diversos fatores, entretanto, acredito que o currículo seja o principal desencadeador do fracasso escolar, pois muitos alunos não se enquadram nas lógicas que se estruturam a partir da realidade da elite.
Temos uma organização curricular que não leva em conta a diferença (cultural, racial, social e religiosa) presente na escola. Os educandos que não acompanham os tempos de aprendizagem são considerados “anormais”, isto é, alunos lentos, desnutridos e com problemas de aprendizagem.
Ora, por que o currículo não se estrutura a partir da realidade da escola? Por que suas lógicas insistem em transformar a sala de aula num espaço homogêneo?
Demonstrando que reconhecer a escola como um lugar heterogêneo e que é possível trabalhar com as diferenças, redes de sucesso como a Finlândia reconhecem o ritmo de cada estudante e ajudam os que mais precisam. Segundo a reportagem publicada pela revista “Nova Escola” 09/2008, cujo título é “Como não deixar ninguém para trás”, a Finlândia vem utilizando métodos para que todos os alunos, mesmo os “diferentes”, tenham a mesma qualidade de ensino. O objetivo é fazer com que todos possam aprender, uma vez que isso ajuda como diz Vesa-Pekka Sarmia a “nivelar as diferenças sociais e enfrentar problemas econômicos, que invariavelmente se refletem na escola”. O resultado desse trabalho é ocupar os primeiros lugares no PISA (Programa Internacional de Avaliação Comparada). Ainda segundo a revista, o país possui 1% de repetência; 2º lugar no PISA (leitura) e 2º no PISA de (matemática). Já o Brasil apresenta resultados não muito animadores: 19% de repetência; 53º lugar no PISA (leitura) e 54º no PISA de (matemática).
Acredito que esse título possa ser o princípio norteador da nova concepção curricular. Ele sugere exatamente o que é necessário para o sistema educacional brasileiro: uma estrutura preparada para as diferenças.
Reorientar o currículo significa desconstruir o ordenamento dos conteúdos que discrimina os “diferentes” e que privilegia uma visão tecnicista. Segundo Arroyo (2007, p.24) “As demandas do mercado, da sociedade, da ciência, das tecnologias e competências, ou a sociedade da informática ainda são os referenciais para o que ensinar e aprender.” Em nosso sistema, essa prática está tão arraigada que ela passa a ser indispensável no processo de construção do conhecimento. Todavia, essa lógica nega ao educando o direito de ter uma formação voltada para a história e cultura do seu povo.
Em suma, o currículo condiciona o trabalho dos professores, como diz o autor:
[...] o currículo é o pólo estruturante de nosso trabalho. As formas em que trabalhamos, a autonomia ou falta de autonomia, as cargas horárias, o isolamento em que trabalhamos...dependem ou estão estreitamente condicionados às lógicas em que se estruturam os conhecimentos, os conteúdos, matérias e disciplinas nos currículos. (ARROYO, 2007, p.18).
Os educadores não podem ousar em sala de aula. Eles ficam à mercê da organização curricular. Para Geertz (1989), a cultura é como um conjunto de mecanismos de controle do comportamento. Portanto, se o currículo faz parte da cultura escolar e suas lógicas ditam as formas de trabalho dos docentes, ele nada mais é do que a ferramenta que controla o espaço escolar.
Referências bibliográficas:
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